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Profissionais se submetem a cargos e salários menores

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Fonte: Jornal da Cidade/ Por Laís de Melo

 

 

dieese sergipePara se manter no mercado de trabalho, profissionais com nível superior, desempregados, estão aceitando ofertas com cargos e salários menores. É o que diz a pesquisa divulgada pelo Valor Investe. Para o economista e dirigente do Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Sócio Econômico de Sergipe (Dieese), Luís Moura, a situação é reflexo da constante alta do desemprego no país.

Segundo Moura, o desemprego permanece crescente desde o ano de 2014. Ou seja, são cinco anos em que se demite mais do que contrata. Diante do quadro, as pessoas estão se submetendo, cada vez mais, a todas as condições de trabalho oferecidas, para se manterem ou retornarem ao mercado de trabalho.

“Trabalhos sem carteira assinada, trabalhos de forma temporária, trabalhos em tempo parcial, trabalhos com descasamento entre a profissão e o efetivo de trabalho; trabalhadores de nível superior que se sujeitam a trabalhar em funções simples, como, por exemplo, o engenheiro pode trabalhar de mestre de obra, o mestre de obra pode trabalhar como pedreiro, e por aí vai. Isso tudo mostra o quanto o desemprego elevado, leva os trabalhadores a se sujeitarem a aceitar as condições que o mercado, extremamente discriminatório, por idade, raça e sexo, oferece”, aponta o especialista.

Atualmente o Brasil possui 13 milhões de desempregados. Em Sergipe o número de desocupados é de 167 mil. Enquanto isso, 83% dos empregos gerados desde 2017 até hoje, foi de postos sem carteira assinada. “O que temos é trabalho precarizado, que colocar o profissional nesse tipo de situação. É claro que ninguém acha isso correto, mas, infelizmente, dado o nível de desemprego, temos situações como essa. Os trabalhadores não conseguem emprego nas suas profissões, e vão em busca de outro tipo de atividade”, disse Moura.

Aceitar cargo abaixo da formação universitária e salários menores é apenas a ponta de um “iceberg”, diante das explicações do economista. De acordo com Moura, embora somente a queda do nível de desemprego possa dar melhores condições de trabalho para a população, uma parcela significativa dos 13 milhões de desempregados no país, não retornarão ao mercado formal.

“Como o desemprego está em longa duração, com uma crescente desde 2014, temos quase que cinco anos de um mercado de trabalho que só demite e não contrata, então esse tipo de desemprego elimina esse tipo de pessoa definitivamente do mercado de trabalho”, afirma Moura.

Não bastasse a “condenação” ao trabalhador brasileiro e sergipano, enquanto vive o subemprego, quando passa a viver na informalidade e ganhar menos, sem computar horas extras, e deixando de ter direito à benefícios como décimo terceiro, INSS e Fundo de Garantia, o rendimento médio do trabalhador apresenta queda, bem como as condições de vida dele.

“Isso gera problemas na estrutura familiar, onde determinou essas situações, que o nível renda cai muito, a situação familiar deteriora. É filho que sai de escola, plano de saúde que é cancelado, determinados hábitos alimentares são cortados. Isso tudo para compatibilizar o novo orçamento de um trabalhador sem carteira assinada, com a realidade salarial dele”, descreve o economista.

Por outro lado, na pesquisa realizada pela Valor Investe, citada no início dessa matéria, conclui que “dar um passo atrás (aceitando cargos e salários menores) na carreira não deve ser considerado como o “fim do mundo” e pode servir como um trampolim para novas oportunidades”. A pesquisa utiliza a opinião de especialistas de RH para chegar à conclusão. ““Deve-se avaliar se será possível atingir, no novo local, o patamar profissional que o candidato já teve”, lembra Fernando Mantovani, diretor geral da Robert Half. Na opinião do especialista, o executivo precisa encarar a situação como uma brecha para mostrar competências.