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América Latina vive 'um novo renascimento feminista', diz escritora chilena Diamela Eltit

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A escritora chilena Diamela Eltit, vencedora do Prêmio FIL de Literatura 2021, afirma que a América Latina vive "um novo renascimento feminista" com mulheres que lutam por melhores condições de vida, reivindicam seus corpos e exigem o fim da violência de gênero.

Diamela Eltit 080921 mundo"Os feminismos são diversos, há muitas opções, muitas buscam outros horizontes, o interessante é evitar a ruptura" entre as mulheres, disse Eltit à AFP em entrevista na Cidade do México, onde nesta segunda-feira também receberá o Prêmio Internacional Carlos Fuentes de Criação Literária 2020.

A autora de obras como "Jamais o fogo nunca" (2007) lembrou que o Chile vive desde 2018 "uma rebelião feminista", após a eclosão de enérgicas manifestações pela erradicação do "machismo predominante" e o patriarcado.

"As mulheres se juntaram de forma massiva para pedir melhores condições de vida, para reivindicar o corpo, não como objeto, mas como sujeito político", apontou.

Eltit, de 72 anos, pertence a uma geração de escritores chilenos que na década de 1980 abriu espaços de reflexão sobre questões como sexualidade, política e identidade de gênero.

E, para ela, a lei de interrupção da gravidez aprovada em dezembro de 2020 na Argentina graças à luta feminista, representou uma grande mudança para os direitos reprodutivos na América Latina.

"O corpo da mulher ainda pertence ao sistema jurídico e, em outros casos, à religião, porque controlaram a mulher, confiscaram seu útero", lamentou, porém, a também ganhadora do Prêmio Nacional de Literatura do Chile em 2018.

Longo caminho pela frente

Embora esteja otimista com os avanços do feminismo na região, ela alertou que "o caminho pela frente é longo".

Enquanto discussões como as que estão ocorrendo sobre o assédio sexual - que tem levado homens à prisão nos Estados Unidos - avançam, questões como disparidade salarial ainda persistem, indicou.

"As mulheres ganham menos, o que significa que pelo sistema valemos menos. Essa desvalorização é algo que devemos tentar reduzir", disse.

Com mais de vinte livros publicados, incluindo "Lúmperica" (1983), "Vaca Sagrada" (1991) e "Impuesto a la carne" (2010), a obra de Eltit será duplamente premiada no México, onde viveu entre 1990 e 1994.

A autora receberá nesta segunda-feira o Prêmio Carlos Fuentes, concedido pela Secretaria de Cultura e a Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), em uma cerimônia no Palácio de Belas Artes da capital mexicana.

E em novembro receberá o prêmio da Feira Internacional do Livro (FIL), considerado o encontro literário de língua espanhola mais importante do mundo.

"Foi uma surpresa emocionante, linda (...) Ainda estou impressionada com os prêmios", concluiu.

 


Fonte: Estado de Minas Internacional