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Servidores do TJSE denunciam em ato público: “No Tribunal tem algo cheirando mal"

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Com intervenção pública na Praça Fausto Cardoso, trabalhadores deram voz a insatisfação com a gestão do presidente do Tribunal, desembargador Edson Ulisses

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A população que esteve no Centro de Aracaju nesta quinta-feira, dia 24, ouviu um alerta dos servidores efetivos do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE): tem algo ‘cheirando mal’ na gestão do Judiciário sergipano. Enquanto os trabalhadores que garantem os direitos da população agora lutam pelo direito à revisão dos seus salários, o desembargador Edson Ulisses é o primeiro da história do órgão a extinguir cargos efetivos para criar cargos de confiança (CCs).

Em resposta a essas medidas escusas, os servidores realizaram uma intervenção urbana, em frente ao Palácio da Justiça, onde foi exposto um monte de borra escura, que escorria um líquido pastoso e exalava um cheiro assemelhado a material fecal.

A realização do ato público foi uma das ações aprovadas pela Assembleia Geral da categoria, na última terça-feira (22). Na avaliação dos servidores, a recusa de Edson Ulisses em dialogar com os servidores, jogando para 15 de março a próxima reunião, sinaliza que a verdadeira intenção do Presidente do TJ é frustrar a negociação da pauta dos trabalhadores do TJ.

A desculpa da gestão para a permanência dos salários reduzidos, sem a revisão inflacionária constitucional – até janeiro deste ano, acumulada em 12,61% – é que os estudos financeiros ainda não foram finalizados. Por outro lado, a atual equipe financeira é a mesma que assessorou as últimas gestões do TJ, quando os seus estudos não atrasaram a pauta dos magistrados. Além disso, os representantes da entidade de classe da magistratura são frequentemente recebidos pelo presidente Edson Ulisses. Esse contraste no tratamento foi denunciado pelos servidores, com firmeza, no ato público.

Para agravar o tratamento desrespeitoso com os trabalhadores, Edson Ulisses propôs ao Pleno a criação de um auxílio-creche no valor de R$ 200,00, para servidores com filhos de até cinco anos; no entanto o valor proposto está distante dos R$ 619,00 reivindicados na pauta dos servidores, que se baseia na média do benefício em outros tribunais. O presidente do TJ agiu, também, de maneira autoritária, negando o direito de fala à direção do Sindijus, garantido pelo Regimento Interno do órgão. Todas essas movimentações da atual gestão têm levantado suspeitas.

“Claro que cheira mal o presidente do TJ extinguir cargos efetivos, que são nomeados democraticamente por concurso, e criar CCs, que são indicados politicamente. Isso é um retrocesso no Tribunal que vinha reduzindo as distorções entre os efetivos e os CCs, que historicamente foram cargos privilegiados. Esperamos que o presidente do Tribunal comprove o seu humanismo e cumpra o direito à revisão salarial, para recompor o poder aquisitivo dos servidores efetivos, que enfrentam dificuldades com salários reduzidos. Senão, esse ‘mau cheiro’ continuará a ser denunciado”, avaliou a entidade sindical em panfletos distribuídos durante o ato.

 

Luta por direitos e respeito

Mesmo ainda enfrentando a pandemia, dezenas de servidores atenderam ao chamado da direção do Sindijus e participaram do primeiro ato público da categoria neste ano, confirmando a necessidade de retomar os protestos nas ruas.

“É importante voltar às ruas para mostrar que nossos direitos estão sendo desrespeitados. Somos nós, servidores, que temos famílias, que temos contas, que temos nossos salários achatados, que garantimos o funcionamento do Tribunal, e não estamos satisfeitos com a postura do desembargador Edson Ulisses. É revoltante a decisão de extinguir cargos efetivos e substituir por cargos de confiança. Isso é um absurdo”, apontou a técnica judiciária Noelma Lima Maria.

Para o servidor aposentado Antônio Theobaldo Bomfim Filho, a união é indispensável para enfrentar os impasses da atual gestão. “Eu acredito que só com a luta e a presença de todos, como os que estão aqui, é possível conseguir atingir os nossos objetivos, especialmente frente as impositividades da Presidência do Tribunal de Justiça e da maioria dos desembargadores”, observou.

A coordenadora geral do Sindijus, Sara do Ó, pede atenção redobrada dos servidores neste momento decisivo da campanha salarial que se arrasta desde o ano passado. “As movimentações que a gestão do Tribunal vem fazendo são muito estranhas. Nós conseguimos manter, com as gestões antecessoras, uma relação de respeito, mesmo com divergências, onde formamos consensos nas negociações que resultaram na valorização ou na recomposição dos direitos que já temos, o que não está acontecendo agora. Não podemos assistir parados as posturas do presidente do TJ, até agora equivocadas, que estão causando retrocessos e perdas dos direitos que já conquistamos”, alertou a dirigente.

Está marcada para o dia 15 de março a próxima reunião, entre a direção do Sindijus e o presidente do TJSE, Edson Ulisses de Melo, com o objetivo de discutir a pauta de reivindicações da categoria, principalmente a revisão do vencimento base, vencida há dois meses. Até lá, a direção do sindicato orienta aos servidores que reforcem o engajamento nas redes sociais e participem das próximas atividades presenciais que serão organizadas no calendário da resistência.